quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Veterinário cita críticas por tratar animais de graça ‘e não pessoas’

 Ulisses Borges de Rezende preside a Comissão
(Foto: Eugenio Novaes - CFOAB)
Brasília – Um dos painéis do I Fórum de Defesa dos Direitos dos Animais, realizado nesta segunda-feira (14) na OAB, abordou a questão dos hospitais veterinários no Brasil. No caso dos públicos, segundo o médico veterinário Wilson Grassi, a situação é pior ainda: “sou questionado sobre o porquê de usar recursos públicos para atender animais e não pessoas”.

Grassi, que é um dos idealizadores do primeiro hospital veterinário público do mundo – localizado em São Paulo –, lamentou que, não bastasse a burocracia, o preconceito atrapalha o desenvolvimento do trabalho. “É preciso vencer uma resistência diária, uma enxurrada de críticas. Hoje, graças a Deus, temos 94% de aprovação da população próxima. Muito disso é explicado pelos mais de 87 mil animais já atendidos desde 2012. Mesmo assim, a burocracia trava muitos avanços”, criticou.

Ele usou como exemplo a trajetória da clínica que fundou para mostrar a enorme demanda. “Logo no segundo dia de funcionamento, atendemos mais de cem animais, sendo que nosso contrato com a prefeitura previa 30. A solução foi migrar para um prédio maior, onde pudemos atender com melhor qualidade. Isso só mostra que a demanda é enorme. Nossa recepção fica lotada. Há duas semanas, chegamos a incríveis 700 atendimentos num único dia”, revelou.

Na palestra seguinte, o veterinário Paulo Tabanez abordou o controle da leishmaniose visceral no Brasil. “São, em média, 3.841 casos humanos por ano, nas 5 regiões, em 21 estados brasileiros. É uma doença de baixa morbidade, mas que pode representar alta letalidade. O cachorro é um membro de família, por isso não deve ser tratado com medicações sem supervisão de um médico veterinário, em hipótese alguma”, alertou.

Tabanez lamentou a falta de esforço dos gestores de determinados setores no Brasil, especialmente os da saúde. “É absurdo que estejamos discutindo a leishmaniose visceral, uma doença contagiosa vetorial, entre juristas. É lamentável que os advogados, neste momento, tenham mais interesse no assunto do que os que realmente deveriam ter. É por essas e outras razões que, infelizmente, chega-se à eutanásia, à morte como forma de controle. Falta discussão para evitar determinadas barbáries”, completou.

VAQUEJADAS

A última palestra do fórum foi proferida pela veterinária Vania de Fátima Plaza, que integra a Diretoria Técnica do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal. Ela abordou o tema vaquejadas, realidade bastante presente em vários estados brasileiros. “É algo cultural, profundamente enraizado. Com o tempo veio o a transformação em espetáculo, negócio, dinheiro. É um mercado altamente visado, com muitos e grandes investidores Aos animais, resta o sofrimento mental, psíquico e físico”, resumiu. (DG)


Fonte: OAB - Conselho Federal

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